1. Introdução

Quem descobre uma doença como o câncer precisa de, sobretudo, inteligência emocional para lidar com seus desdobramentos. O potencial do tratamento, o apoio da família, de amigos e colegas de trabalho, bem como os hábitos de vida, influencia nisso.

Nesse livro, vamos abordar a importância desse desenvolvimento pessoal, não só para tratar a doença, mas para enfrentar o que vem depois da cura. Sem dúvida, a vida não é mais a mesma.

Continue a leitura para entender melhor o assunto.

2. Outubro Rosa: a luta contra o câncer de mama

Quando chega o décimo mês do ano, o mundo se veste de rosa. Luzes pelas cidades, campanhas nos meios de comunicação e o assunto é um só: o câncer de mama. O Outubro Rosa põe sobre os holofotes a doença que afeta 60 mil mulheres por ano, o segundo mais comum, perdendo apenas para o de pele.

A importância de chamar atenção é nobre: se diagnosticado no início, as chances de cura são de 90%. Mas, para isso, é preciso conscientizar as mulheres sobre a relevância de realizarem a mamografia anualmente – a partir dos 40 anos ou ainda mais cedo quando há predisposição genética, isto é, histórico familiar.

Felizmente, essa preocupação não é de hoje. Nos anos 90, alguns estados americanos já realizavam ações isoladas, reforçando a necessidade de se prevenir. Com o tempo, mais locais aderiram ao movimento, o que chamou atenção do Congresso Nacional, que acabou estabelecendo o mês de outubro como mês de prevenção contra o câncer de mama.

Na mesma época, o famoso laço rosa, inicialmente lançado pela Fundação Susan G. Komen for the Cure, uma das organizações mais reconhecidas nessa luta, em uma corrida de rua, foi reproduzido por outras instituições, tornando-se o principal símbolo da campanha que se espalhou pelo globo.

No Brasil, a partir dos anos 2000, grandes empresas começaram a se engajar. Inclusive, em 2002, o Mausoléu do Soldado Constitucionalista, também conhecido como O Obelisco do Ibirapuera, ganhou uma iluminação rosa, apoiado por um grupo de mulheres que eram simpatizantes à causa.

As contribuições do movimento são inúmeras, inclusive para a saúde mental de quem descobriu a doença e está passando pelo tratamento. Graças aos depoimentos de sobreviventes, é possível se inspirar na história de grandes mulheres que foram mais fortes que seus tumores e viveram para contar seu final feliz.

3. Importância da inteligência emocional para quem teve câncer de mama

Inteligência emocional é uma expressão que se popularizou bastante nos últimos anos. Embora constantemente associada a uma competência pessoal a ser exercida no ambiente de trabalho, trata-se de uma característica essencial em qualquer circunstância da vida.

Em poucas palavras, chamamos de inteligência emocional a capacidade de reconhecer e gerenciar as próprias emoções e, com isso, construir relações mais saudáveis e fazer escolhas conscientes. Essa habilidade não abrange apenas os sentimentos pessoais, mas com o tempo, permite beneficiar outras pessoas, auxiliando-as a lidar melhor com seu temperamento e promovendo mais qualidade de vida.

Na prática, alguém que é emocionalmente inteligente não permite que suas emoções sejam a principal motivação de suas ações. Provavelmente você já ouviu alguém dizer: “Ele estava tomado pela emoção e falou sem pensar.” ou “Na hora da raiva, ninguém pensa direito.”. É exatamente esse tipo de atitude ou consciência que a inteligência emocional busca frear.

As emoções são essenciais e devem ser compreendidas a fim de que alcancemos o autoconhecimento, mas não podem controlar uma vida. A partir do momento que se respeita sua importância, é possível reconhecê-las, acolhê-las e dar-lhes o devido tratamento para que os relacionamentos não sejam impactados de forma negativa.

3.1. E em relação ao câncer de mama?

Receber um diagnóstico de CA é uma experiência, no mínimo, desagradável. Inevitavelmente sua vida se transforma. É necessário mudar a rotina para incluir as sessões de quimioterapia (quando este é o tratamento indicado pelo oncologista), adaptar a jornada de trabalhando se necessário, o cuidado com a família e a casa etc.

Não que a doença incapacite. Sabemos que nem sempre ela exige que seu paciente faça repouso absoluto ou siga internado. Pelo contrário, há muitos casos em que a mulher continua trabalhando normalmente – por isso é fundamental que a gestão das empresas esteja apta a lidar com funcionários que demandem necessidades especiais.

Essas necessidades incluem atenção à saúde mental. Uma rede de apoio presente e confiável compõe uma eficiente estratégia de tratamento. Quando não há respeito nem acolhimento, é normal que a funcionária se sinta excluída, desamparada e até um pouco perdida diante da nova condição.

Emoções como medo, ansiedade e mágoa vêm à tona e é preciso estar preparada para enfrentar esse cenário. Contar com o apoio dos amigos e familiares é importante para manter o otimismo e a fé na eficácia do tratamento. A inteligência emocional, nesse caso, permite que a pessoa foque na razão ao invés da emoção.

Ao identificar a forma como está se sentindo, ela é capaz de ser realista frente às possibilidades, a sua realidade e contexto, e, ainda que pouco a pouco, consegue se sobressair, reservando suas forças para se concentrar no que é positivo. Em resumo, bloqueando a ação de emoções negativas e focando em realizar o que está ao seu alcance.

Essa habilidade é bastante útil, inclusive, após o tratamento, quando a vida está sendo restabelecida e a ex-paciente está tentando voltar para o mercado de trabalho. Um estudo realizado em 2017 pelo Coronel Institute of Occupational Health, da Holanda, averiguou ao acompanhar 20 mil sobreviventes da doença, que 34% deles não conseguiram um novo emprego após o tratamento devido a sequelas físicas e emocionais.

Ainda que o levantamento não se baseie em dados locais, presume-se que a condução emocional em relação ao problema, isto é, a maneira que a pessoa gerencia suas emoções desde a descoberta até a finalização do tratamento, é decisiva para que sua vida volte ao normal. Mas como desenvolver esse perfil?

4. Como desenvolver inteligência emocional

Muitos de nós fogem de mudanças, não é fácil, desestabiliza. A incerteza não é a sensação mais gostosa do mundo. Entretanto, o jeito com que lidamos com as adversidades é determinante para nossa qualidade de vida. Veja as dicas a seguir para desenvolver essa habilidade.

4.1. Aprenda a reconhecer suas emoções

Em um momento de tensão, pode-se acreditar que é impossível parar e refletir sobre o que está sentindo. Porém, é exatamente essa pausa que vai lhe permitir desacelerar e repensar sobre o que falar e, principalmente, o que fazer com a situação que está se apresentando.

Sabemos que, até desenvolver a inteligência emocional, o agir é motivado pelo impulso. Portanto, a mudança está em conseguir identificar o que está sentindo e nomear a sensação. É raiva? Medo? Mágoa? Alegria? Excitação? Com o tempo, você vai conseguir ampliar essa capacidade para os outros, aprendendo, a partir do que ouve e percebe, as emoções que inspira neles também.

4.2. Priorize o equilíbrio

A inteligência emocional não significa a supressão das emoções tampouco que a razão deve estar absolutamente acima delas. Os dois lados do nosso cérebro coexistem e devem ser ouvidos na mesma balança. Há decisões que nossos sentimentos e intuição serão priorizados, assim como momentos em que a razão deve prevalecer. É essa capacidade que distingue os extremismos e dá paz ao fazer escolhas.

4.3. Identifique os gatilhos

Todos temos um calcanhar de Aquiles, um ponto fraco que se revela um campo minado para as emoções. Nem sempre vai dar para eliminá-lo, afinal, somos humanos, é natural que tenhamos fraquezas e pontos de maior sensibilidade. A inteligência emocional é necessária para identificar quais são os gatilhos dessas situações delicadas.

Às vezes é uma palavra, uma lembrança, um lugar: ao fazer o diagnóstico, você vai poder se preparar para enfrentar ou, se for preciso e possível, evitar. Em resumo, vai agir menos por impulso e criar menos conflitos nas relações.

4.4. Procure ajuda

A terapia é muito eficiente no processo de autoconhecimento. Escutar a si mesmo nas sessões, responder perguntas inquietantes e ser motivado a refletir sobre um sentimento ou uma atitude são passos importantes para desenvolver a inteligência emocional. Esse caminho não precisa ser percorrido sozinho.

5. Benefícios da inteligência emocional para a vida

Os benefícios de desenvolver essa característica rendem frutos tanto para a vida pessoal, como para a profissional. A postura é levada em conta desde o processo seletivo, no primeiro contato com a empresa, até o desligamento. Estando fora do mercado, ser emocionalmente inteligente permite fortalecer uma boa base de contatos e ter paciência enquanto aguarda a oportunidade mais acertada para ocupar.

Na vida pessoal, como destacamos, essa competência ajuda a ter uma saúde mental estável ao tornar as relações mais equilibradas e conscientes. Conduzi-las com mais maturidade é fundamental para preservar amizades e laços familiares.

5.1. Comunicação transparente

Compreender – e dominar – as próprias emoções dá autonomia ao indivíduo para se comunicar bem. Por entender como se sente, ele tem propriedade para falar a respeito, delimitando seu espaço e considerando o do outro, sem interferir. Assim, sua comunicação é mais eficiente.

5.2. Controle do estresse

O estresse mal controlado é capaz de desencadear várias doenças, inclusive o câncer. Problemas cardiovasculares, no intestino e no cérebro, como o Alzheimer, são influenciados pelo nosso temperamento e por como lidamos com as adversidades. Ter inteligência emocional não o elimina do dia a dia, no entanto, ajuda a contê-lo e a evitar que se transforme em enfermidades graves.

5.3. Aumento da autoestima

Entender as emoções muda a forma como nos enxergamos. Além de desenvolver mais empatia para com o outro, a autoestima aumenta ao expandirmos a paciência e a tolerância, prosseguindo no caminho para se tornar um ser humano melhor.

A consciência emocional também assegura que sejamos mais racionais sobre pensamentos, especialmente os destrutivos. Aumenta a confiança para agir e enfrentar situações adversas, construindo uma personalidade mais sólida e estável.

6. Conclusão

O processo de desenvolvimento da inteligência emocional leva tempo, mas os frutos serão observados por toda a vida. Ao lidar com o câncer, é imprescindível que o paciente assuma os próximos passos de seu tratamento com otimismo, pois essa característica faz a diferença para que funcione e, principalmente, para que, depois, sua vida seja retomada.

A ansiedade e o estresse agem como vilões na busca pela qualidade de vida. O pensamento voltado para o futuro, no agravamento das circunstâncias, piora o quadro, podendo atrair uma depressão ou até um suicídio. Por isso, apegar-se ao que faz bem e à rede de apoio é essencial para manter a cabeça erguida e as defesas de pé, na luta pela cura.

A inteligência emocional é uma estratégia para prevenir o câncer, aliada a bons hábitos de vida. Não podemos esquecer que o zelo pela saúde mental previne não só relações conturbadas, mas doenças sérias, que afetam o organismo como um todo. Cuide de si!

7. Sobre a empresa

A Fundação Laço Rosa é feita por pessoas que lutam diariamente para mudar a realidade do câncer de mama no Brasil e no mundo. 

Empoderamento feminino, influência de políticas públicas, resgate de autoestima e defesa de direitos de pacientes são os pilares da instituição que mantém programas e atividades com esses objetivos. 

Entre alguns números de impacto estão: 8.340 perucas doadas desde o início do programa, 1.579 pacientes com acesso a atividades culturais, 165 alunos formados no curso de perucaria; 788 mulheres navegadas para acesso de diagnóstico e tratamento no tempo certo, dados do projeto-piloto Andaraí, mais de 1.500.000 pessoas impactadas indiretamente pelas ações da Laço Rosa com mídia espontânea na imprensa. 

A Fundação Laço Rosa nasceu no ano de 2011, pelas mãos de Aline Lopes, suas irmãs, Marcelle Medeiros e Andréa Ferreira, familiares e amigos. A partir da experiência vivida por Aline Lopes, a Fundação Laço Rosa nasceu com a missão de ajudar o paciente com câncer de mama e seus familiares a atravessarem os impactos do diagnóstico com otimismo, conhecimento e sem perder a fé de que dias melhores sempre virão. 

Hoje, a instituição tem Marcelle Medeiros como Presidente e conta com o apoio de uma diretoria dedicada, um conselho científico comprometido, voluntários e colaboradores empenhados em ajudar a mudar o cenário brasileiro do câncer de mama.

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