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Autor(a):

Christina Martins

chris.martins@fundacaolacorosa.com

Christina Martins é jornalista, com mais 30 anos de experiência na área cultural. Trabalhou no Segundo Caderno de O Globo e como assessora de imprensa, foi responsável por administrar a imagem de artistas como Zeca Pagodinho, Beth Carvalho, Jota Quest, O Rappa e Frejat. Como produtora, idealizou e foi curadora da exposição Força na Peruca, apresentada na Caixa Cultural em 2015. Além dos projetos, voltados para o público infantil, Sebinho nas Canelas (2005), Amigos na Praça (2016) e Bloco da Pracinha (2006). Desde 2003 é editora do JB em Folhas - Jornal do Jardim Botânico, que circula no bairro e edita a página do facebook do Amigas da Pracinha, com dicas e serviços para pais e mães. Em 2012 participou, a convite do Governo dos EUA, do intercâmbio Professional Fellows, onde visitou diversas instituições que trabalham com saúde da mulher.

Data do Post
25/06/2019
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A verdadeira força na peruca

A expressão “Força na Peruca” surgiu do nada. Uma busca no google entrega: “palavras de estímulo para si mesmo ou para outrem, a fim de que continue fazendo o que precisa ser feito”. Explicação curta e objetiva. Eu, particularmente, adoro essa expressão. Acho que as três palavras combinadas carregam uma boa dose de energia positiva, que vale também como um carinho. A coluna vai focar nessa força e as maneiras como se ela manifesta em diferentes pessoas.  Quero muito conhecer as várias histórias de homens e mulheres que tiveram que buscar essa energia para superar os momentos difíceis da vida quando o câncer apareceu.  É só mandar o seu relato para o email (chris.martins@fundacaolacorosa.com)

Venho de uma família de mulheres guerreiras. Não queimaram o sutiã em praça pública e não bradam palavras de ordem feminista. Pelo contrário, são até um pouco machistas na sua essência.  Trabalharam fora, mas no geral foram criadas para servir seus maridos e cuidar da casa e da família. Ao mesmo tempo, foram dotadas de uma força, uma energia capaz de aguentar qualquer parada, sem perder a ternura, o humor E seguiram com esse DNA passando para filhas, sobrinhas e netas. Aos homens coube a tarefa de nos acompanhar e nos apoiar.

E foi assim, matando a bola no peito, que nos acostumamos a encarar as doenças na família, nos reunindo para rir, chorar, comer e beber. Essa união foi fundamental para enfrentar o câncer, que de tempos em tempos aparece. Ao longo dos anos tivemos algumas perdas, mas também conseguimos alguns resultados positivos. Essa Fundação, inclusive, é o melhor exemplo de pegar o limão e fazer a tal limonada. Ao longo da jornada, fomos agregando amigos, que passaram a fazer parte da família, em torno de um amor maior, a solidariedade.

Nesse momentos a gente descobre que a verdadeira força na peruca chama-se amor. Porque não dá pra segurar essa onda sozinha. E nem achar que as pessoas sentem pena de você. Nessas horas o melhor remédio é o carinho, que pode vir da sua família, mas também pode ser o chá que cura tudo da vizinha, o cuidado do porteiro ou simplesmente uma fruta que o seu feirante lhe oferece, depois de observar você com o cabelo raspado quase careca. Não tem prescrição médica que substitua esse acolhimento. Amor cura?  Talvez não, mas conforta e faz a gente ter forças para o dia seguinte.  Portanto, fica a dica:  deixe o orgulho de lado e receba todo esse acolhimento. Vai te fazer um bem enorme. E força na peruca!