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Descobrir um câncer com quase 25 anos, não significa que você tenha que esquecer todos os seus sonhos. Não significa que sua juventude esteja perdida e pausada. Lógico que você vai viver outras experiências, bruscas e intensas, mas apesar disso a vida não para, o tempo corre e estamos aqui para aproveitar o melhor dela. Pra quê dar mais espaço para a doença, quando ela já abrange tanto?!

Depois da notícia eu me deparei com 2 escolhas,  assim na lata, aquelas escolhas que precisam ser prontamente decididas e nem te dão tempo para pensar. Até por que quando estamos na batalha com um grande inimigo qualquer segundo é importante. Foi então que de forma imediata escolhi viver, escolhi não me encolher e não entregar tudo de mim. Entendi que podia viver às 24h do meu dia vivendo em prol do câncer, sim, era uma escolha e uma forma de lutar também, porém escolhi a segunda alternativa. Iria combatê-lo de uma forma que ele não esperasse: VIVENDO

Sei que parece contraditório, pois nessas circunstâncias, parecem que estão tirando um pouco de nossas vidas. Mas não estava disposta a entregar tudo, ao contrário, iria usar tudo que restava de mim para ser feliz. Queria mais! Queria sorrir mais do que chorar, queria sentir alegria mais do que sentir tristeza, queria me apaixonar todos os dias pelo homem que escolhi e fazer ele se apaixonar a cada dia mais por mim. Queria provar para mim mesma que estar numa determinada situação não designa aquilo que somos, e eu era uma pessoa feliz, não entregaria o meu maior tesouro para um momento. Por pior que fosse, sempre via todo o meu processo como “um momento”.

Engraçado, mas hoje as coisas mudaram, entendi que tudo o que vivi foi mais que um momento. Foi à mudança da minha história, por tudo que consegui absorver disso.

Tirei mais partes da doença do que ela de mim e continuo tirando.

Tirei pedaços dela quando continuava me sentindo bonita, sexy e charmosa. Tirei quando beijava meu namorado ardentemente como a mulher maravilhosa que sou e que vai além de cabelos, peitos e bundas. Tirei pedaços quando dançava até de manhã entre uma quimio e outra, quando ia para festas ou quando encontrava minhas amigas e gargalhávamos de alegria lembrando alguma história engraçada. Tirei muitos pedaços, quando achei a peruca perfeita, ou quando simplesmente andava careca pela rua e sentia olhares de admiração e não de pena.

Aos poucos, toda tristeza foi perdendo espaço e me tornei a melhor versão de mim mesma e assim não precisei abrir mão de sonhos e objetivos. Segui com eles, os adaptei e/ou inventei novos. Como muito de mim mudou, nada mais natural que algumas metas tenham mudado também. Para melhor, com mais intensidade e de forma mais verdadeira. Agora tudo faz mais sentido.  ♥

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