O Programa de Navegação de pacientes (PNP), a partir do contato direto com as pacientes que utilizam o SUS, tornou possível a coleta de dados relevantes para avaliar a situação das pacientes oncológicas no Rio de Janeiro.
O estudo foi feito com 200 pacientes atendidas no Rio Imagem entre julho e dezembro de 2017. Esses dados são referentes ao primeiro ano de implementação do programa, uma iniciativa da Global Cancer Institute junto com a Dra Sandra Gioia, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia RJ e médica conselheira da Fundação Laço Rosa. Atualmente, o PNP é realizado pela Fundação Laço Rosa em cooperação com a Dra Sandra e apoio do Instituto Avon.
Apesar de haver a lei dos 60 dias que garante que o paciente diagnosticado com câncer deve iniciar o tratamento em até 60 dias, ela não é cumprida no Estado do RJ.
De acordo com o estudo, somente 30% das mulheres conseguiram iniciar o tratamento no prazo de 60 dias, determinado por lei. Isso significa que 70% das pacientes diagnosticadas com a doença aguardaram nessa fila de pacientes que nunca acaba e que sempre haverá pacientes aguardando para serem inscrita para o primeiro atendimento. "Enquanto nos EUA a média nacional de metástase é de 4%, a nossa média nacional de doença metastática na apresentação inicial é 8% e, no RJ, estamos em 14%, " de acordo com a Dra Sandra.
Abaixo alguns dados levantados a partir do Programa de Navegação de Pacientes:
• Cerca de 90% das pacientes com câncer de mama relatam dificuldade na regulação para hospitais, feita em postos de saúde;
• Número de vagas para consulta de primeira vez em hospitais que tratam câncer de mama caiu 46% em relação a 2016;
• A maioria das mulheres que dependem do serviço do SUS desconhecem a lei dos 60 dias e o pior: 85% dos profissionais de saúde também ignoravam a legislação;
• Após o diagnóstico, as mulheres aguardam em média dois meses para a primeira consulta com mastologista, cinco meses para operar, e de dois a três meses para iniciar a quimioterapia;
• Cerca de 90% das pacientes com câncer de mama relatam dificuldade na regulação para hospitais, feita em postos de saúde;
• Apenas 53% das pacientes que tiraram a mama no SUS passaram por reconstrução. Na rede privada, 74%.
O estudo realizado pela Dra Sandra Gioia é muito importante para âmbito do câncer de mama, pois consiste em informação confiável. A partir desses dados, é possível exigir aos gestores uma melhor administração dos recursos públicos e a necessidade de focar a medicina primária, na prevenção.
Fonte: Jornal Extra