Muitas pacientes ainda têm dúvidas sobre o diagnóstico do câncer triplo negativo. No momento, existem algumas formas de tratamento. A cirurgia é a mais comum, junto com a radioterapia, que pode ser usada como tratamento complementar, além da quimioterapia.
No entanto, foi apresentado na ESMO 2018 um novo protocolo de medicação que pode trazer impactos positivos para as pacientes diagnosticadas com câncer triplo negativo.
O que é o câncer metastático triplo-negativo?
A forma como o câncer é identificado na análise imuno-histoquímica é que dá origem ao nome: caso seja identificada a ausência dos três receptores que classificam câncer de mama (HER2; estrogênio e progesterona) na célula examinada, trata-se de um câncer de mama triplo-negativo.
Segundo a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), o triplo-negativo é relativamente raro entre os diagnósticos de câncer, e embora em alguns casos possa ser bem agressivo, hoje em dia com o avanço das tecnologias e das pesquisas, temos um primeiro estudo a documentar benefício significativo de imunoterapia em câncer de mama metastático.
Sobre o estudo
Foi apresentado no Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia (ESMO Congress 2018) o IMpassion 130, primeiro estudo de fase 3 que mostrou grande beneficio de imunoterapia nesse tipo de câncer.
O estudo IMpassion 130 fez, aleatoriamente, em mulheres com câncer metastático triplo-negativo, dois tipos de tratamento. Um deles era com nab-paclitaxel (medicamento usado para tratar câncer de mama) e placebo (um fármaco que apresenta efeitos terapêuticos) ou o mesmo nab-paclitaxel acrescido de atezolizumabe (anticorpo monoclonal utilizado no tratamento de câncer de pulmão e bexiga).
Foram 451 pacientes no total, sendo 185 delas com presença de PD-L1 em seus tumores. PD-L1 é o alvo da imunoterapia (atezolizumabe) e sua presença tem sido relacionada a maior benefício da imunoterapia em diversos tipos de câncer.
Esses resultados mostraram que, havia um controle mais duradouro da doença no grupo tratado com atezolizumabe, junto com o nab-paclitaxel, mesmo que essa diferença tenha sido singela. Já na analise do grupo com o PD-L1, o controle da doença foi maior, com uma redução de risco de 38% (o que siginificou um acréscimo de dois meses e meio no controle da doença) em favor do atezolizumabe.
O mais impactante resultado,foi a redução de 38% no risco de morte (o que representa 10 meses em termos de sobrevida global- sendo 25 contra 15,5 meses para esse tratamento) no grupo que recebeu atezolizumabe.
Posicionamento da SBOC
Sendo assim, por se tratar de uma doença grave e ainda sem muitas opções de tratamento e, principalmente, pelos vários benefícios que isso pode gerar às pacientes, a SBOC acredita que é muito importante a aprovação pelas autoridades reguladoras da combinação desses dois medicamentos (nab-paclitaxel e atezolizumabe) para o tratamento de mulheres com câncer de mama triplo-negativo metastático.
Essa medicação já foi aprovada a combinação pela agencia norte americana de medicamentos, o FDA, no dia 08 de março de 2019.
Vale lembrar que se precisa assegurar o controle de qualidade na identificação de pacientes com essa doença, alem de um bom treinamento a todos os médicos e patologistas para identificação do PD-L1, pois dessa forma, pode-se garantir a precisão no tratamento.