A obesidade é um grave problema de saúde pública mundial. No Brasil, de acordo com uma pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde em 2016, a incidência do distúrbio aumentou 60% em dez anos. O levantamento aponta ainda que, durante esse período, em nenhum momento houve recuo no avanço dos índices de obesidade. Ainda segundo o estudo, mais da metade da população adulta brasileira está acima do peso ideal. Os homens são maioria e correspondem a 54,5% dos casos. Entre as mulheres, esse índice é de 48,1%.
Outro fator de risco atribuído à obesidade é o de se desenvolver câncer. De acordo com um estudo publicado na revista “The Lancet”, em 2014, considerado o mais abrangente sobre obesidade e câncer, pessoas acima do peso têm mais probabilidade de desenvolver 17 tipos de tumor, entre eles os de intestino grosso, de mama (pós-menopausa), de endométrio, de rim, de vesícula biliar, de esôfago, de ovário, de fígado, de tireoide e leucemia.
“Em relação ao câncer de mama, o aumento do risco depende do status menopausal. Após a menopausa, as mulheres obesas têm uma vez e meia mais risco de desenvolver câncer de mama quando comparadas àquelas com peso adequado, além de um risco maior de morrer em consequência desse câncer”, explica o oncologista Amândio Soares, diretor da Oncomed-BH.
Segundo o especialista, entre os pacientes com câncer de próstata, existe uma clara relação entre obesidade e agressividade da doença, com aumento nas taxas de recorrência e de mortalidade. “Esses aumentos são proporcionais ao grau de obesidade”, explica Soares.
A obesidade também tem relação com um subtipo específico de câncer de esôfago, chamado de adenocarcinoma. Já o risco de câncer no intestino grosso em pessoas obesas é maior em homens do que em mulheres.
OMS. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que aproximadamente 30% dos cânceres estão associados a uma dieta inadequada e, por isso, ela deve ser considerada um dos principais fatores de risco para a ocorrência do câncer.
“Estudos recentes mostram, por exemplo, que indivíduos que consomem grande variedade de vegetais e frutas, grãos integrais, peixes ou aves ou que consomem pequenas quantidades de carnes vermelhas e processadas apresentam menor risco de desenvolver certos tipos de câncer ou morrer vítima dessa doença, sobretudo câncer de boca, faringe, laringe, pulmão, esôfago, estômago e intestino grosso”, destaca Soares.
Outra dado relevante é a observação de que o uso regular de tomate na dieta pode reduzir a ocorrência de câncer de próstata. “Isso é devido à presença do licopeno, pigmento que dá cor vermelha a esse fruto”, aponta o diretor da Oncomed-BH.
Além disso, a prática de atividade física é outro benefício no combate à doença. “Vários pesquisadores apontam a relação entre a diminuição da incidência de câncer e a prática esportiva”, completa o especialista.
CONSEQUÊNCIAS. Além de câncer, obesos têm maior chance de sofrer com outras doenças, como diabetes, doenças cardiovasculares, aumento da pressão arterial e acidente vascular cerebral.
“É importante lembrar que a obesidade é acompanhada pela redução na expectativa de vida, o que significa que, geralmente, as pessoas obesas vivem menos tempo”, ressalta o diretor da Oncomed-BH.
Fonte: http://bit.ly/2oej96L