Queridos amigos,
Ao final do primeiro dia do SIM Rio 2017 pude sentir que o principal objetivo da SBM Rio havia sido alcançado: promover a integração e mostrar que juntos conseguimos desenvolver trabalhos notáveis e com qualidade. E esta qualidade é um atributo a ser sempre buscado de maneira organizada, coletiva e sinergicamente, diferentemente do que se observa no cotidiano da prestação de serviços de saúde, em que cada um faz o que considera mais adequado, mas sem o resultado desejado.
Temos que nos esforçar em fazer a coisa correta, no momento mais adequado e da maneira certa, não sendo vista como obrigação (pontual) ou o cumprimento de um requisito sem sentido.
Sobre o Seminário das barreiras e estratégias de implementação das Diretrizes para a Detecção Precoce do Câncer de Mama no Brasil faço as seguintes considerações:
1) Temos um grande problema a ser resolvido e apesar do controle de câncer de mama precisar da atuação multidisciplinar é notório que o mastologista deva assumir a sua responsabilidade de coordenador da linha do cuidado. Temos que valorizar a especialidade e o ato médico;
2) Convido a todos para refletirem sobre suas práticas de trabalho e se co responsabilizarem na Gestão do Cuidado da paciente com câncer de mama quer seja na Micro, Meso ou Macro Gestão: desde autocuidado, cuidado as famílias e comunidade, cuidado ofertado nos serviços, cuidado em rede de atenção, formulação de políticas até o encontro por INSTRUMENTOS FINANCEIROS INOVADORES. Isto porque tudo tem um custo e se esperarmos pelo subfinanciado SUS nós nunca chegaremos ao tão esperado resultado: reduzir a mortalidade do câncer no Brasil.
3) Com organização e apresentando projetos sensatos, robustos e com indicadores de resultados iremos encontrar fontes financiadoras para promover nossa atuação com qualidade;
4) Para minimizar o caos instalado de imediato precisamos: a. capacitar os profissionais de saúde da atenção primária, aproveitando a onda de implementação das Estratégias de Saúde da Família. Eles serão nossos braços multiplicadores – Solange não cansa de falar isto; b. otimizar os polos diagnósticos das lesões suspeitas, quer sejam palpáveis ou não – Dr. Gebrim está corretíssimo; c. desenvolver o sentimento de INCONFORMISMO do mastologista que está no seu “castelo do saber” e parar de “aceitar” passivamente as tão habituais lesões em estadiamento avançado. Façam como o Carlos Vinícius em Petrópolis e sejam a CONEXÃO que a Rede de Atenção a Saúde da sua localidade precisa;
5) Temos que oferecer DIGNIDADE AO USUÁRIO DO SISTEMA DE SAÚDE, retirando barreiras e burocracias com atenção ao SER HUMANO e não a doença em si e transformando o Sistema de Regulação de Doenças em Sistema de Seguimento de Pessoas. E aí temos o projeto de Navegação de Pacientes tão bem explicado pela Allie do GCI que cai como uma luva para nosso tão complexo e ainda fragmentado SUS. E pode ser customizado para cada região do Brasil e atuar desde promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e cuidados paliativos;
6) Temos que aprender a sermos organizados para geração e interpretação de dados na gestão do cuidado com qualidade. E não tem outra saída – temos que usar a Tecnologia de Informação em saúde. Isto foi explicitado pelo Fred com o Plano de Atenção Oncológica para o Estado do RJ e pela Ellyete com a Política Nacional de Qualidade em Mamografia, mas que está estagnado pelas amarras políticas. E foi demonstrado o sucesso do Programa de Rastreamento “em Organização” do HC de Barretos pela Ana Paula;
7) Lirio mostrou como o Instituto Avon quer ajudar financeiramente a oferecer resolutividade ao cuidado das nossas pacientes. E não se esqueçam que o patrocínio Master do SIM Rio 2017 veio da Roche por causa desta temática: detecção precoce do câncer de mama;
8) Sabrina brilhantemente encerrou o dia e com beleza, carisma e determinação mostrou que não somos deuses e que temos muito que aprender sobre o universo feminino. Estamos esquecendo que existem barreiras culturais e psicológicas a serem desmistificadas. Acredito que envolver personalidades como ela resolveria muitos dos nossos problemas com detecção precoce. Como bem disse o Ruffo, um médico talvez tenha alcance de dezenas, mas ela tem alcance de milhões de mulheres. Fora do nosso contexto fiquei imaginando a Anitta na televisão/web falando sobre a importância da vacinação contra o HPV – no outro dia seria 100% a taxa de cobertura.
9) As palavras ensinam. Os exemplos arrastam. Sejamos exemplo de boa prática médica e vamos sair da nossa de conforto. E para o futuro penso que temos que trabalhar com ações educativas nas escolas. Educar crianças. Vi isto num pequeno ícone de uma das lâminas da Ana Paula. E mais uma vez tiro o chapéu para o HC de Barretos. Acredito que este tipo de ação deva ganhar mais atenção. Pode ser que elas – crianças hoje e os adultos de amanhã – mudem o cenário atual que não conseguimos em décadas de atuação. E eles pode mudar muitas outras coisas no plano sócio, econômico, político e cultural.
Obrigada pela participação de todos!!!!